Dietas Balanceadas para Bezerros Leiteiros

A nutrição dos bezerros leiteiros é um fator determinante para o desenvolvimento e a produtividade de um rebanho. O período neonatal e os primeiros meses de vida são fases críticas, onde a nutrição adequada pode prevenir doenças, promover crescimento saudável e assegurar a eficiência produtiva futura. Dietas balanceadas são essenciais para atender às necessidades nutricionais desses animais em crescimento, garantindo um aporte adequado de energia, proteínas, vitaminas e minerais.

 

Importância da Nutrição Inicial

A nutrição inicial dos bezerros leiteiros tem um impacto duradouro na sua saúde e produtividade. Segundo Silva et al. (2020), a suplementação adequada nos primeiros dias de vida é fundamental para o desenvolvimento do sistema imunológico e para a prevenção de doenças como a diarreia neonatal, uma das principais causas de mortalidade em bezerros jovens. Além disso, um crescimento adequado nessa fase inicial está associado a uma maior produção de leite na fase adulta (WEAVER et al., 2016).

 

Componentes Essenciais da Dieta dos Bezerros Leiteiros

  1. Colostro O colostro é a primeira secreção mamária após o parto e é rico em imunoglobulinas, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais. A administração de colostro de alta qualidade nas primeiras horas de vida é essencial para a transferência de imunidade passiva, que protege o bezerro contra infecções nos primeiros meses de vida (GOMES et al., 2018).
  2. Leite e Substitutos de Leite Após a fase inicial de colostro, a dieta dos bezerros deve consistir em leite integral ou substitutos de leite de alta qualidade. Substitutos de leite devem ser formulados para fornecer um balanço adequado de proteínas, gorduras, vitaminas e minerais. Estudos recentes indicam que a utilização de substitutos de leite com 20-22% de proteína e 15-20% de gordura pode promover um crescimento saudável e eficiente (HILL et al., 2019).
  3. Concentrado Inicial A introdução de concentrado inicial é fundamental para estimular o desenvolvimento do rúmen. Esse concentrado deve ser palatável, de alta digestibilidade e rico em energia e proteínas. Segundo Costa et al. (2021), a inclusão de ingredientes como milho moído, farelo de soja e minerais no concentrado inicial pode melhorar o ganho de peso e a eficiência alimentar dos bezerros.
  4. Feno de Qualidade O fornecimento de feno de alta qualidade, como o feno de alfafa, a partir da segunda semana de vida, é importante para promover a motilidade ruminal e a saúde digestiva. O feno deve ser oferecido à vontade, permitindo que os bezerros desenvolvam um comportamento de ruminação saudável (LANDAU et al., 2017).
  5. Água O fornecimento de água limpa e fresca é essencial para a saúde e o desenvolvimento dos bezerros. A ingestão de água está diretamente relacionada ao consumo de concentrado e ao desenvolvimento do rúmen. Bezerros que têm acesso livre à água desde cedo tendem a consumir mais concentrado e a apresentar um crescimento mais rápido (SILVA et al., 2020).

 

Fatores a Considerar na Formulação de Dietas

  1. Qualidade dos Ingredientes A qualidade dos ingredientes utilizados na formulação das dietas é crucial. Ingredientes de baixa qualidade podem resultar em deficiências nutricionais e problemas de saúde. A análise regular da composição nutricional dos ingredientes é recomendada para garantir a consistência e a eficácia das dietas.
  2. Balanço Energético O balanço energético adequado é fundamental para o crescimento saudável dos bezerros. Dietas com baixa densidade energética podem resultar em crescimento lento e problemas de saúde, enquanto dietas com excesso de energia podem levar a obesidade e problemas metabólicos. Segundo Hill et al. (2019), a densidade energética recomendada para substitutos de leite é de aproximadamente 4.5 a 5.0 Mcal/kg de matéria seca.
  3. Proteínas de Alta Qualidade As proteínas são essenciais para o crescimento e o desenvolvimento muscular dos bezerros. A inclusão de proteínas de alta qualidade e de alta digestibilidade, como as provenientes do leite e do soro de leite, é recomendada. A digestibilidade das proteínas pode ser avaliada através da técnica de balanceamento de aminoácidos, garantindo que os bezerros recebam os aminoácidos essenciais em proporções adequadas (COSTA et al., 2021).

 

Manejo Alimentar Prático

  1. Frequência de Alimentação A frequência de alimentação deve ser adequada para garantir a ingestão contínua de nutrientes. Alimentar os bezerros duas a três vezes ao dia com porções menores pode melhorar a digestão e a absorção dos nutrientes.
  2. Transição Gradual A transição do leite para a alimentação sólida deve ser feita de forma gradual para evitar transtornos digestivos. A introdução de concentrado inicial e feno deve ser feita aos poucos, observando a aceitação e o consumo pelos bezerros.
  3. Monitoramento de Saúde e Crescimento O monitoramento regular da saúde e do crescimento dos bezerros é essencial. Pesagens periódicas, avaliações de condição corporal e observação de sinais de doenças permitem ajustes nas dietas e intervenções precoces quando necessário.

 

Conclusão

Dietas balanceadas são fundamentais para o desenvolvimento saudável dos bezerros leiteiros, influenciando diretamente a saúde, o crescimento e a produtividade futura dos animais. A nutrição adequada, composta por colostro de alta qualidade, leite ou substitutos de leite, concentrado inicial, feno de qualidade e água limpa, aliada a práticas de manejo alimentar adequadas, pode assegurar o sucesso de uma operação leiteira. Pesquisas recentes e renomadas na área destacam a importância de uma nutrição equilibrada e de qualidade desde os primeiros dias de vida, reafirmando que a saúde e a produtividade dos bezerros são reflexos diretos das práticas nutricionais adotadas.

 

Referências

COSTA, E. G.; SILVA, J. R.; OLIVEIRA, L. S.; ALMEIDA, R.; PEREIRA, M. N. (2021). Nutritional strategies to optimize calf growth and health. Journal of Animal Science and Biotechnology, v. 12, p. 45-58.

GOMES, V.; SANTOS, P. S.; ROCHA, F. A.; CARVALHO, C. A. (2018). Colostrum management and its importance in calf health. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 47, p. 1-12.

HILL, T. M.; BATEMAN, H. G.; ALTMAN, J. M.; JARDON, P. W. (2019). Protein and energy sources for dairy calf milk replacers and effects on growth, efficiency, and health. Journal of Dairy Science, v. 102, p. 113-126.

LANDAU, S.; SILBERMANN, M.; AMAR, M.; BAR-LEV, E.; MELTZER, D. (2017). Effects of feeding high-quality alfalfa hay on the performance of dairy calves. Animal Feed Science and Technology, v. 228, p. 42-51.

SILVA, M. G.; ANDRADE, C. M.; COSTA, R. L.; PEREIRA, R. M.; SANTOS, C. S. (2020). Feeding practices and health outcomes in dairy calves: A review. Livestock Science, v. 243, p. 104-112.

WEAVER, D. M.; TYLER, J. W.; VANMETRE, D. C.; HOSTETLER, D. E.; BARRINGTON, G. M. (2016). Passive transfer of colostral immunoglobulins in calves. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 14, p. 569-577.

 

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