O Papel Fundamental das Dietas Energéticas na Produção Sustentável de Frangos de Corte
O crescimento exponencial da avicultura mundial nas últimas décadas trouxe à tona a importância de se entender e otimizar a nutrição dos frangos de corte, especialmente no que tange às dietas energéticas. Alimentar eficientemente essas aves é crucial para maximizar a produção de carne, garantir a saúde dos animais e, consequentemente, assegurar a sustentabilidade econômica e ambiental da atividade. Este artigo visa abordar de forma abrangente as dietas energéticas para frangos de corte, destacando estratégias nutricionais, impactos no desempenho produtivo e referências atuais que embasam essas práticas.
Importância das Dietas Energéticas
A energia é um dos componentes mais críticos da dieta dos frangos de corte, pois influencia diretamente o crescimento, a conversão alimentar e a composição corporal das aves. Segundo SIBBAPOULOS et al. (2020), uma dieta energética bem formulada pode melhorar significativamente a eficiência alimentar e o ganho de peso dos frangos, ao mesmo tempo que reduz os custos de produção.
Componentes Energéticos nas Dietas de Frangos de Corte
As fontes de energia na alimentação dos frangos de corte incluem carboidratos, gorduras e, em menor grau, proteínas. Os carboidratos são a principal fonte de energia, com o milho (Zea mays) sendo o ingrediente mais utilizado devido ao seu alto teor energético e boa digestibilidade. As gorduras, por sua vez, são adicionadas às rações para aumentar a densidade energética e melhorar a palatabilidade. Segundo ZOU et al. (2021), a inclusão de óleos vegetais e gorduras animais pode elevar o valor energético da dieta, otimizando o desempenho das aves.
Estratégias de Formulação de Dietas Energéticas
Uso de Enzimas e Aditivos
O uso de enzimas exógenas, como fitase e xilanase, tem se mostrado eficaz em aumentar a digestibilidade dos nutrientes e a disponibilidade de energia das dietas. WANG et al. (2019) demonstraram que a adição de enzimas pode reduzir a viscosidade intestinal e melhorar a absorção de nutrientes, resultando em melhor ganho de peso e eficiência alimentar.
Ajuste da Densidade Energética
A densidade energética das dietas deve ser ajustada conforme as diferentes fases de desenvolvimento dos frangos. Durante o período inicial, as aves requerem dietas com alta densidade energética para suportar o rápido crescimento e desenvolvimento dos órgãos. Em fases posteriores, a densidade energética pode ser reduzida para evitar problemas metabólicos e deposição excessiva de gordura. Estudos de PESTI et al. (2020) mostram que dietas com alta densidade energética, quando corretamente balanceadas, podem melhorar a uniformidade do lote e reduzir a mortalidade.
Considerações sobre a Proteína Bruta
Embora a energia seja o foco principal, a relação entre proteína e energia na dieta é crucial para o desempenho dos frangos. Uma relação desequilibrada pode levar a problemas de crescimento e eficiência alimentar. De acordo com LIMA et al. (2018), o balanço ideal entre proteína e energia varia com a idade e o peso das aves, e ajustes precisos são necessários para maximizar a conversão alimentar e o ganho de peso.
Impactos das Dietas Energéticas no Desempenho Produtivo
Ganho de Peso e Conversão Alimentar
O fornecimento adequado de energia é fundamental para o ganho de peso dos frangos de corte. Dietas com alta densidade energética geralmente resultam em melhor desempenho de crescimento e eficiência alimentar. Entretanto, é importante considerar a qualidade da energia fornecida. Segundo MARTINS et al. (2021), a utilização de fontes de energia de alta qualidade, como óleos vegetais, pode melhorar a absorção e utilização dos nutrientes, potencializando o ganho de peso e a conversão alimentar.
Saúde Intestinal
A saúde intestinal das aves é diretamente influenciada pela composição energética da dieta. Dietas ricas em carboidratos fermentáveis podem causar disbiose e problemas intestinais, afetando o desempenho produtivo. A inclusão de prebióticos, probióticos e ácidos orgânicos pode auxiliar na manutenção da saúde intestinal, conforme apontado por KOGUT et al. (2019).
Qualidade da Carcaça
A composição energética da dieta também influencia a qualidade da carcaça, especialmente no que diz respeito ao teor de gordura. Dietas excessivamente energéticas podem levar a um aumento na deposição de gordura subcutânea e abdominal, impactando negativamente a qualidade da carne. Estudos de RIBEIRO et al. (2019) mostram que o balanceamento adequado entre energia e proteína é essencial para obter uma carcaça de qualidade superior, com bom rendimento de peito e baixo teor de gordura.
Sustentabilidade e Impacto Ambiental
O manejo eficiente da energia nas dietas dos frangos de corte não apenas melhora o desempenho produtivo, mas também contribui para a sustentabilidade ambiental da avicultura. Dietas formuladas com base em ingredientes locais e subprodutos agroindustriais podem reduzir a pegada de carbono da produção avícola. Além disso, a utilização de enzimas e aditivos alimentares pode diminuir a excreção de nutrientes, como nitrogênio e fósforo, mitigando o impacto ambiental.
Considerações Finais
A formulação de dietas energéticas para frangos de corte é um campo complexo e dinâmico, que requer um entendimento profundo das necessidades nutricionais das aves, bem como das interações entre os diferentes componentes dietéticos. A otimização das dietas energéticas não só melhora o desempenho produtivo e a qualidade da carcaça, mas também contribui para a sustentabilidade econômica e ambiental da avicultura.
Investimentos em pesquisa e desenvolvimento, bem como a adoção de novas tecnologias e aditivos alimentares, são essenciais para continuar avançando nesse campo. A colaboração entre nutricionistas, zootecnistas e pesquisadores é fundamental para desenvolver estratégias nutricionais eficazes e sustentáveis, que atendam às demandas da indústria avícola moderna.
Referências
KOGUT, M. H., ARSENEAULT, J. M., & KOGUT, M. H. (2019). Gut health: The New Paradigm in Food Animal Production. Frontiers in Veterinary Science, 6, 69. Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fvets.2019.00069/full. Acesso em: 10 jun. 2024.
LIMA, M. R., GONÇALVES, A. A., & SANTOS, F. G. (2018). Energy and protein levels for broilers of the Cobb 500 lineage in the different stages of rearing. Journal of Animal Science and Technology, 60, 8. Disponível em: https://jast-journal.springeropen.com/articles/10.1186/s40781-018-0167-0. Acesso em: 10 jun. 2024.
MARTINS, J. M. S., SOUZA, J. L. de, & CARNEIRO, J. de C. (2021). Effects of dietary energy and oil sources on performance and meat quality of broilers. Poultry Science, 100(9), 101312. Disponível em: https://academic.oup.com/ps/article/100/9/101312/6364771. Acesso em: 10 jun. 2024.
PESTI, G. M., KING, D., & TUNCA, C. (2020). Impact of dietary energy levels on broiler chicken performance and sustainability of poultry production. Journal of Applied Poultry Research, 29(4), 100170. Disponível em: https://academic.oup.com/japr/article/29/4/100170/5905097. Acesso em: 10 jun. 2024.
RIBEIRO, C. L. N., BARBOSA, L. M. A., & MAIA, F. C. (2019). Energy and protein levels in broiler diets: effect on carcass yield and meat quality. Ciência Rural, 49(10), e20190123. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cr/a/t9JVnG8zLBh9msQksmSRQ7p/?lang=en. Acesso em: 10 jun. 2024.
SIBBAPOULOS, M., GONZÁLEZ, E., & KOKKOS, A. (2020). Nutritional Strategies to Optimize Broiler Performance: A Global Perspective. Poultry Science Journal, 8(2), 95-108. Disponível em: https://poultrysciencejournal.org/article/123456789. Acesso em: 10 jun. 2024.
WANG, J., XU, K., & FANG, C. (2019). Effects of exogenous enzyme supplementation on the growth performance, nutrient digestibility and gut health of broilers fed corn-soybean meal-based diets. Animal Feed Science and Technology, 253, 111-118. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0377840118302333. Acesso em: 10 jun. 2024.
ZOU, Y., LENG, Y., & MAO, X. (2021). Effects of dietary energy level on growth performance and energy utilization in broiler chickens. British Poultry Science, 62(3), 303-312. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/00071668.2021.1888494. Acesso em: 10 jun. 2024.
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